31.7.06

 

FESTARTE 2006

Consulte aqui o Programa

O Festarte é um encontro das culturas de vários países que já se realiza há nove anos em Matosinhos.

É sempre com renovado fascínio que vou a alguns espectáculos deste encontro.

Países diferentes todos os anos mostram a alegria e a cor do seu folclore e a beleza dos seus cantares. Atrai-me principalmente um espectáculo que geralmente se realiza na igreja de Leça da Palmeira, onde os vários grupos entoam cantares tradicionais, tornando a pequena igreja numa catedral de sons. Também o desfile dos grupos com passos de dança e o som dos seus variados instrumentos musicais naquele espaço celebram o sagrado e o profano e não chocam antes se abraçam. É a festa!

O Festarte, realiza a sua 9ªedição e traz este ano a Matosinhos, a Grécia , a Hungria , a Eslováquia, a Sérvia , a Venezuela, a Ucrânia, a Lituânia e o Taiwan.
Sugiro a sua descoberta, a quem visite Matosinhos, em todos os aspectos que envolvem este encontro cultural.


Para finalizar,deixo-vos um excerto da terceira parte de uma reportagem de um músico japonês sobre as Vozes Búlgaras.

Haruomi Hosono - TV.ソフィア・春の音(3)

29.7.06

 

IDEIAS PARA UM CERAMISTA ECOLOGICAMENTE CORRECTO


Todos sabemos que numa oficina de cerâmica são utilizados produtos tóxicos e potencialmente poluentes do ambiente quando tornados resíduos e despejados. Irão poluir o ambiente se não tomarmos algumas medidas.

1º) Instale por debaixo do lavatório/tanque do atelier uma caixa de decantação. Pode ser uma simples caixa d'água de 50 litros, onde a água da lavagem deverá ser decantada antes de escorrer pelo cano do esgoto.






2º) Caso o seu tanque de lavagem não permita esse tipo de improvisação, pode usar um processo ainda mais rudimentar. Pegue num cano do tamanho exacto da saída do ralo do lavatório/ tanque de lavagem com um comprimento cerca de 10 cm e coloque-o no ralo, de forma que uns 7cm fiquem de fora. Assim a água não conseguirá escoar totalmente e criará o efeito do decantador.


3º) Acha isso tudo muito complicado? Isso não é desculpa! Mas se não se ajeitou com nenhuma das soluções anteriores, aqui está a mais simples de todas. Mantenha um balde de uns vinte litros com água sobre uma bancada ou próximo do lavatório/tanque. A partir de então, só lave os pincéis ou raspe o esmalte de peças nesse balde. Qualquer resíduo de esmalte deve ser deitado no balde.

4º) E quanto ao que fazer com os resíduos que foram salvos de contaminar os oceanos?

I - Se estiver a usar os processos descritos nas soluções 1º e 2º, provavelmente os metais pesados estarão misturados com argila. Assim, quando for limpar a caixa ou a pia, deverá colocar esse lodo junto da barbotina para reciclar. Assim, os metais pesados serão incorporados à massa das nossas peças futuras.

II - Se estiver a usar a 3ª ideia então pode recolher esse material e juntar ao balde de misturas ou "lixo" de esmalte.
Em ambas as formas os metais pesados não irão contaminar os esgotos e os oceanos.

Colaboração do Professor Tito Tortori, ceramista com atelier no Rio de Janeiro-RJ.

26.7.06

 

Júlia Ramalho-50 anos de magia na cerâmica


“ A sua louça é tão bonita que apetece comê-la. Parece caramelo!”
Assim comentava as peças de Júlia Ramalho um cliente numa feira de artesanato.

Júlia Ramalho, reconhecida artesã do figurado de Barcelos, é uma das mais importantes ceramistas portuguesas e uma referência do artesanato, em Portugal e no estrangeiro. Faz agora 50 anos de carreira.

Neta da conceituada Rosa Ramalho, que falava assim de Júlia “tenho muitos netos, mas esta é que vai ser artista”. A família vivia toda junta em Galegos S. Martinho onde seu pai modelador e oleiro de profissão, possuía uma fábrica de barro. Atraída pela magia da cerâmica, Júlia vai para todo o lado com a avó.
Cresce num ambiente artístico povoado de criações e mitos regionais que começa a traduzir cedo nas suas obras, nas quais se reflectem a sua visão metafórica e hiperbólica do que a rodeia. Gosta da criação livre, através do barro passa para a posteridade cenas da vida rural, profissões, episódios familiares, figuras religiosas e mitológicas .As suas peças modeladas em barro branco (faiança), têm habitualmente um acabamento vidrado de cor castanho/mel, técnica característica do seu trabalho.

“ Gosta do que faz e traz sempre consigo uma intensidade emocional e uma garra de matriarca”diz da personalidade de sua mãe, Teresa Ramalho.

A quem a quiser ouvir, Júlia costuma dizer, que mal abriu os olhos deu de caras com o barro. Por isso tal como a avó Júlia só admite um cenário: criar, criar e inventar sempre novas peças de cerâmica “cor-de-caramelo”.

Outras leituras
Revista Pública nº 529 de 23 de Julho de 2006
Consultar ainda o vídeo
O figurado de galegos
de Angélica Lima Cruz, 2000.Edições CRAT


24.7.06

 

Viagens por alguns sítios de cerâmica



Pequeno vídeo de um oleiro Rajasthan (Índia) demonstrando o seu trabalho

Estou a colocar e a actualizar algumas ligações que mais consulto relativas a cerâmica.

Nesta postagem indico, então, as primeiras ligações que vão ficar permantes no blogue, no lado esquerdo, para futuras consultas.

Entretanto, irei aumentar esta listagam, incluindo outras áreas artísticas.

Ceramistas

  • Sara Carone (Br.)


  • Mário Reis


  • Ricardo Casimiro


  • Fernando Maló (Esp.)


  • Museus de Cerâmica


  • Museu de Olaria de Barcelos


  • Museu de Cerâmica de Barcelona


  • Museu de Cerâmica de Berlim


  • Museu Cerâmica Caldas da Rainha


  • Portais de Cerâmica


  • Cerâmica no Rio (Portal de Cerâmica) Br


  • Cencal- Centro Profissional da Industria Cerâmica


  • Revistas


  • Revista Ceramics Today


  • Revista Ceramique et Verre



  • 22.7.06

     

    Exposição de Ricardo Casimiro no Museu do Azulejo


    Sargomutante
    Dim: 42cmx17cmx58cm
    Mat: Grés/Stoneware
    Outras peças e biografia, consultem o site do autor


    Contos Paranormais
    Cerâmicas de Ricardo Casimiro até 2006-07-30
    no Museu Nacional do Azulejo,Lisboa

    Esculturas cerâmicas de um autor que atribui às suas obras uma função narrativa, recuperando uma tradição do figurado popular ou do comentário satírico de Rafael Bordallo Pinheiro, individualizando personagens e situações que descreve com uma ironia caricatural que, contudo, nos coloca questões centrais no quotidiano contemporâneo.

    21.7.06

     

    Exposição Figurado Português em Matosinhos


    Figurado Português
    de santos e diabos está o mundo cheio

    Galeria Municipal de Matosinhos
    Biblioteca Florbela Espanca

    até 20 de Setembro de 2006

    Fui visitar a exposição e aconselho que a visitem também, pela qualidade das peças e criatividade dos ceramistas em exposição como pelo enquadramento geográfico e histórico revelados pela equipa organizadora.Reproduzo de seguida uma notícia desta exposição que saiu no Diário de Notícias, de Francisco Mangas, em 7 de Junho de 2006.

    De repente a Ceia dos Diabos, saída das mãos de Manuel, um dos filhos de Mistério. Diabos coloridos, cauda longa, chifres curtos. E ao lado dos demos sorridentes, moldados no barro, irrompem os cristos de Rosa Ramalho, procissões e outras cerimónias religiosas. Baco, o deus Baco, marca também território na exposição dos barristas portugueses, patente ao público na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, que integra a programação das festas do Senhor de Matosinhos. O título desta mostra de figurado português - De Santos e Diabos Está o Mundo Cheio - pode parecer estranho, mas, no final da visita, verificamos que é o mais correcto, o mais ajustado ao universo dos barristas populares. Em Matosinhos encontram-se expostos trabalhos de artistas, alguns desaparecidos, consagrados e outros emergentes: Rosa Ramalho, Mistério (e os seus filhos: Manuel, Francisco e Virgínia), Júlia Cota, José Tuta, Sérgio Amaral, Josafaz, Liberdade da Silva Sobral, entre outros.É uma viagem que atravessa o País de Barcelos a Bisalhães (Vila Real), de Gaia a Mafra, depois Estremoz e Odemira. E transpõe o Atlântico, em busca da arte dos barristas.O galo abre a exposição, que se desenvolve segundo as estações do ano. E entre o Inverno e Outono há as festividades cíclicas religiosas, as festas populares e os ritos rurais. Todo este imaginários surge no figurado português: das procissões, com dezenas de figuras, à colorida matança do porco segundo os artistas de Barcelos; o presépio e as bandas de música, os carros de bois ou o "rei a cavalo numa criatura", de Rosa Ramalho.Na romaria do Senhor de Matosinhos, que termina no próximo domingo, existe a feira da louça. Aí, por certo, não verá obras da mais conhecida e original barrista de Barcelos, mas encontrará com facilidade peças do figurado português.Com o mesmo nome da exposição, a autarquia de Matosinhos editou um livro, coordenado por Isabel Maria Fernandes, com a vida e a obra dos principais barristas.


    19.7.06

     

    Bernard Leach (1887-1979)


    Bernard Leach foi um dos mais proeminentes ceramistas ingleses e mundiais.

    Nascido em Hong-Kong, aos dez anos regressou do Japão para Inglaterra, para estudar. Primeiro na London School of Art e depois na Slade School of Art.

    Em 1909 regressa ao Japão onde conhece o ceramista Shoji Hamada com o qual criará um dos mais célebres ateliers de cerâmica ingleses, em St. Ives, na Cornualha. Aí produzirá peças individuais inovadoras nas formas e técnicas. Entre outras técnicas utilizará o Raku, técnica aprendida no Japão e ainda desconhecida na Europa.
    Entretanto continuará as suas visitas regulares à China e ao Japão.

    Em 1932, Leach abrirá uma nova oficina em Dartington com o seu filho mais velho David.

    E em 1940 publicará o seu livro ainda hoje referência para muitos ceramistas, A Potter`s Book que traduz a sua filosofia e os seus métodos e técnicas.

    Leach trabalhará e aperfeiçoará toda a sua vida novas técnicas e formas que muito influenciarão ceramistas de todo o mundo.



     

    Querubim Lapa

    Querubim Lapa – Obra Cerâmica

    Num país de longa tradição ceramista, de cinco séculos e nunca interrompida no uso do azulejo, a produção de Querubim Lapa entende-se como natural actualização desta arte, não renegando o passado, antes o continuando.

    Mas, novas propostas que alguns ceramistas europeus apresentam desde os anos 30, de placas relevadas ou esculturas em baixo-relevo, encontram em Querubim, um cultor persistente, capaz da recriação inovadora de técnicas tradicionais e também do imaginário.

    Relevos cerâmicos moldados ou modelados não foram sempre correntes e só esporadicamente a arquitectura portuguesa utilizou azulejos relevados – assim se fez no palácio real de Sintra no início do séc. XVI, com exemplares importados de Sevilha e, já em pleno séc. XIX, com azulejos de padrão para fachada, produzidos por fábricas do norte do país (Gaia), ou na transição para o séc. XX, com Rafael Bordalo Pinheiro, na sua fábrica nas Caldas da Rainha, em motivos fitomórficos e animalistas, dentro de um espírito arte nova.

    Novos caminhos se delinearam na cerâmica em Portugal nos anos 40, principalmente com Jorge Barradas, modernista, artista que trabalhou em atelier próprio na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, em Lisboa, até à sua morte em 1971. Graças a ele, muitos ceramistas por aí passaram, como seus colaboradores, outros aí adquiriram também direito de atelier, como Manuel Cargaleiro, Querubim Lapa e Cecília de Sousa. Jorge Barradas é uma referência para uma nova geração de ceramistas surgidos na década de 50, dado ter dignificado e actualizado a linguagem cerâmica.

    É depois pelo desenvolvimento técnico e formal que Querubim Lapa estabelece a continuidade na cerâmica em Portugal. As grandes composições integradas na arquitectura assim como os azulejos de padrão para produção industrial, constituirão o núcleo da obra de Querubim.

    Ainda na mesma década, Querubim Lapa criou também objectos ornamentais, como pratos, jarras, porta-ovos – sempre com alusões à figura humana, de irónicos sentidos. Tendo criado uma loja própria, integrou aí de forma pioneira cerâmicas ornamentais na sua decoração e chamou artistas plásticos a produzir objectos funcionais que comercializava.

    Na década seguinte, objectos e placas remetem para o imaginário que Querubim desenvolve em paralelo na pintura, híbridas varinas entre o humano e o animal, representações de pássaros de rosto humano, cabeças de mulher metamorfoseando-se em caracol, num alongamento de formas e volumes de intenção expressionista.

    Contudo, foi na produção de obras cerâmicas para espaços urbanos em articulação concertada com os autores dos projectos arquitectónicos que Querubim criou notáveis decorações. Nos revestimentos de cerâmica arquitectónica, as placas cerâmicas apresentam formato quadrangular simples, de superfície lisa, com expressiva pintura decorativa, ou animada pelo relevo regular das arestas salientes, definindo a composição e separando aglomerações de esmaltes e pigmentos cromáticos deslumbrantes. Outras placas são irregulares e inteiramente relevadas, encontrando-se por vezes ressonâncias das faianças de Rafael de Bordalo Pinheiro, pelas quais Querubim tem um apreço especial.


    BIBLIOGRAFIA

    Querubim,Obra Cerâmica (1954-1994) – Lisboa Capital Europeia da Cultura 94. Museu Nacional do Azulejo

    17.7.06

     

    Picasso Ceramista


    Chouette,1968- peça retirada da Galeria John Leech

    No final dos anos 40, Pablo Picasso (1881-1973) já era artista célebre e consagrado. Talvez por isso, na busca de suportes diferenciados para prosseguir --após ter revolucionado a arte moderna nas duas primeiras décadas do século--, tenha resolvido dedicar parte da sua vida a criar arte cerâmica em pratos, garrafas, jarras e vasos.

    Essa fase menos conhecida de Picasso abrange no entanto mais de 3500 peças de cerâmica.

    Essas peças foram concebidas por Picasso e a mão do mestre está lá, seja na economia de traços e expressivo resultado ,em motivos primitivos e na representação de variados temas em que se incluem os temas mitológicas, tauromáquicos, ou os rostos e corpos dinâmicos.

    O caminho que levou Picasso às cerâmicas foi puramente acidental. Durante um de seus veraneios na Côte D'Azur, em 1946, fez uma visita às oficinas de cerâmica Madoura, em Vallauris.

    Lá, viu-se mais uma vez atraído por uma técnica de tradição popular e produziu quase ininterruptamente por 1 ano e seis meses. Essas peças provam que, para Picasso, a cerâmica representava uma nova possibilidade de integrar pintura e escultura, bem como de pesquisar formas, cores e texturas.

     
    Mystery of Picasso

    A criatividade e engenho de Picasso não se esgotou na pintura e escultura.Também explorou as terras de argila.

    16.7.06

     

    Fresco

    FRESCO
    Um volume de pó
    e óxidos
    que preparas lentamente
    empregando gotas
    de água pura
    e como tesouro
    nascem tecidos de
    barro que juntas
    e formas um volume
    esteta e fresco

    Fotografia: modelagem em barro in Liceus

    Poema de João Soares (Bioterra)


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