15.7.08

 

Irene Vilar revive


Por detrás daquela calma professora do Clara de Resende havia muito mais do que eu sabia com os meus poucos catorze anos, mas bem se via, que havia. Partiu aos 14 Maio 2008 com 77, mas fica cá bem representada, naquela curva da Cantareira, onde muitos como eu com a sua vida se podem cruzar, talvez apontar, e dizer que aquilo é dela, da Irene Vilar.

Foto e texto de Paulo Loureiro
Ex aluno de Irene Vilar

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11.7.08

 

Escultora Irene Vilar - Em jeito de Homenagem


Além da escultura, a artista singrou em áreas como a medalhística e deu aulas durante vários anos no Porto.

Faleceu a 14 de Maio de 2008, a escultora Irene Vilar, no Hospital de São João, no Porto. A artista morreu aos 77 anos, vítima de doença prolongada.

Nasceu a 11 de Dezembro de 1930, em Matosinhos. Apesar de ter trabalhado em diferentes áreas foi à escultura que Irene Vilar dedicou grande parte da sua vida. Nos estudos enveredou, desde cedo, por esta arte. Licenciou-se na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e obteve 20 valores na sua tese de escultura, tendo sido discípula de Barata Feyo e Dórdio Gomes.

Foi bolseira do Instituto de Alta Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian, no estrangeiro.

Irene Vilar nunca viveu exclusivamente da escultura, mas deixa um espólio que a escultora Ana Maria Martins considera ter um “grande conteúdo contemporâneo" e “alguma modernidade", tendo em conta as diferentes épocas.

Portugal vivia sob o regime salazarista quando Irene Vilar, mulher e artista, foi ganhando espaço e reconhecimento no mundo das artes. “Além da notória qualidade, é de uma família com um certo envolvimento e vivia numa zona privilegiada de relacionamentos" o que, segundo Ana Maria Martins, foram os principais atributos para o sucesso que a escultora depressa adquiriu.

Terminados os estudos, em 1958, Irene Vilar dedicou-se ao ensino e começou por dar aulas na Escola Secundária Clara de Resende, no Porto. Aos 36 anos assume a direcção da Escola Industrial Aurélia de Sousa, também no Porto, até 1974.

“Humana" e “simples" são as qualidades atribuídas à escultora por Lucília Manaú. A ex-funcionária da Escola Industrial Aurélia de Sousa trabalhou com Irene Vilar durante oito anos e foi sua secretária. A artista viveu no seio de uma família conservadora e era uma pessoa “disciplinada" e “ligada à religião", acrescentou.
“Era muito amiga de Marcelo Caetano e chegou a fazer o cunho das medalhas para todos os membros do regime".

Com o 25 de Abril retirou-se do cargo, depois de ter sofrido pressões internas, contou Lucília Manaú ao JPN. “Algumas pessoas achavam que ela era muito nova quando tomou conta da direcção e, além disso, começaram a difamá-la pela sua amizade a Marcelo Caetano", disse.

Apesar do sucedido, Irene Vilar não abandonou a docência e voltou para a Escola Secundária Clara de Resende, onde deu aulas até 1987, ano em que se aposentou.
Ao longo de vários anos, a escultora participou em diversas exposições e ganhou vários prémios.
As obras de escultura e medalhística de Irene Vilar estiveram presentes nas exposições "Cristo fonte de esperança" (Porto), "Morte e Transfiguração" (Sociedade Nacional de Belas Artes - SNBA, Lisboa), "Natividade 2000" (Mosteiro dos Jerónimos) e "100 anos - 100 artistas" (SNBA, Lisboa).

Em Portugal, o seu espólio encontra-se espalhado pela Secretaria de Estado da Cultura, Museu Amadeo Souza-Cardoso, Biblioteca-Museu de Vila Franca de Xira, Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, Museu do Chiado, em Lisboa, Património Artístico de Matosinhos, entre outros.

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