3.8.06

 

Luísa Conceição – Ceramista de Estremoz


Foi por causa de um presépio que conhecemos a D. Luísa. Artesã de Estremoz, ceramista destemida, com 72 anos, que todos os anos está na Feira de Artesanato de Vila do Conde, entre outras, acompanhada sempre pelo seu marido e um filho.
Apreciadores de arte popular, eu e o João, há muito que vínhamos namorando um presépio da D. Luísa. Eram muitas peças, o que tornava caro o conjunto e por isso íamos aguardando pela melhor altura para o comprar.
Eu já tinha uma Primavera, peça muito característica do imaginário de Estremoz, que comprara numa viagem ao Alentejo há muitos anos. Tenho uma grande estima por essa peça. As cores vivas já adquiriram uma “patine”e desbotaram um pouco, o que não no entanto não lhe retira a beleza, muito pelo contrário.
Não éramos propriamente coleccionadores mas havia outras peças que gostávamos de adquirir: um Amor é Cego, uma Cantarinha Fidalga, uma N.sra do Ó, um S.João, entre tantas peças que nos cativavam.
Mas foi então a compra do presépio que nos fez estreitar o conhecimento com a D. Luísa. No espaço de exposição havia outros barristas de Estremoz, mas as peças desta ceramista destacaram-se logo pelos pormenores e entre eles pelos pequenos rostos mais sorridentes e coradinhos. Mais tarde fizemos a associação dos rostos dos bonecos com o rosto da artista – eram tal e qual. Eram diferentes e preferimo-las.
A compra foi acompanhada de muita conversa e foi aí que a D. Luísa desfiou algumas histórias, a sua própria história e a das suas peças.
O pai chamava-se Mariano Conceição e por volta de 1932 já modelava as figuras de Estremoz. O seu maior empenho era fazer ressurgir peças antigas que estavam a ficar esquecidas. A esposa ajudava-o na parte de pintura das peças e Luísa, só com seis anos, começou a dar os primeiros passos ajudando a pintar os pormenores.
Quando o pai faleceu, a mulher continuou-o na modelagem de peças e Luísa manteve-se na pintura.
Por volta dos quarenta anos e já lá vão trinta, resolveu começar a modelar ela as figuras. A partir daí também o seu objectivo se tornou criar imagens tradicionais caídas em desuso e outras da sua autoria, mas sempre inspiradas em pesquisas que faz. A D. Luísa sabe as origens mais antigas de todas as figurinhas de Estremoz.
De acordo com a artesã o tema mais forte do artesanato de Estremoz é o trabalho: os pastores, as ceifeiras, azeitoneiras e outras profissões. O sagrado está também representado, com referências ao S. António, à Nª Srª e ao Presépio. Depois há figuras muito bonitas e características fora desses temas que são: a Primavera, bailarina que representa o Alentejo quando está florido; o Amor é Cego que representa o amor com decoração inspirada no Brasil; há os negrinhos de influência também brasileira e as Cantarinhas, com decorações muito coloridas.


O presépio cá está em casa há bastantes anos já, sempre posto na mesa junto à entrada, simbolizando a paz e celebrando a vida.
Quanto à D. Luísa é sempre um prazer revê-la e às suas peças no ritual da visita anual à feira de Vila do Conde.

29ª Feira Nacional de Artesanato
Vila do Conde até 6 de Agosto

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Comments:
Olá,

Li o seu comentário sobre a D. Luis Conceição, acontece que hà uns anos comprei um presépio igual ao da foto numa feira de artesanato muito provávelmente a esta senhora.
Gostaria de saber se sabe como contactá-la uma vez que duas das figuras estão partidas e gostaria de comprar iguais para repôr.

Obrigado
Inês
 
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