11.7.08
Escultora Irene Vilar - Em jeito de Homenagem
Além da escultura, a artista singrou em áreas como a medalhística e deu aulas durante vários anos no Porto.
Faleceu a 14 de Maio de 2008, a escultora Irene Vilar, no Hospital de São João, no Porto. A artista morreu aos 77 anos, vítima de doença prolongada.
Nasceu a 11 de Dezembro de 1930, em Matosinhos. Apesar de ter trabalhado em diferentes áreas foi à escultura que Irene Vilar dedicou grande parte da sua vida. Nos estudos enveredou, desde cedo, por esta arte. Licenciou-se na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e obteve 20 valores na sua tese de escultura, tendo sido discípula de Barata Feyo e Dórdio Gomes.
Foi bolseira do Instituto de Alta Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian, no estrangeiro.
Irene Vilar nunca viveu exclusivamente da escultura, mas deixa um espólio que a escultora Ana Maria Martins considera ter um “grande conteúdo contemporâneo" e “alguma modernidade", tendo em conta as diferentes épocas.
Portugal vivia sob o regime salazarista quando Irene Vilar, mulher e artista, foi ganhando espaço e reconhecimento no mundo das artes. “Além da notória qualidade, é de uma família com um certo envolvimento e vivia numa zona privilegiada de relacionamentos" o que, segundo Ana Maria Martins, foram os principais atributos para o sucesso que a escultora depressa adquiriu.
Terminados os estudos, em 1958, Irene Vilar dedicou-se ao ensino e começou por dar aulas na Escola Secundária Clara de Resende, no Porto. Aos 36 anos assume a direcção da Escola Industrial Aurélia de Sousa, também no Porto, até 1974.
“Humana" e “simples" são as qualidades atribuídas à escultora por Lucília Manaú. A ex-funcionária da Escola Industrial Aurélia de Sousa trabalhou com Irene Vilar durante oito anos e foi sua secretária. A artista viveu no seio de uma família conservadora e era uma pessoa “disciplinada" e “ligada à religião", acrescentou.
“Era muito amiga de Marcelo Caetano e chegou a fazer o cunho das medalhas para todos os membros do regime".
Com o 25 de Abril retirou-se do cargo, depois de ter sofrido pressões internas, contou Lucília Manaú ao JPN. “Algumas pessoas achavam que ela era muito nova quando tomou conta da direcção e, além disso, começaram a difamá-la pela sua amizade a Marcelo Caetano", disse.
Apesar do sucedido, Irene Vilar não abandonou a docência e voltou para a Escola Secundária Clara de Resende, onde deu aulas até 1987, ano em que se aposentou.
Ao longo de vários anos, a escultora participou em diversas exposições e ganhou vários prémios.
As obras de escultura e medalhística de Irene Vilar estiveram presentes nas exposições "Cristo fonte de esperança" (Porto), "Morte e Transfiguração" (Sociedade Nacional de Belas Artes - SNBA, Lisboa), "Natividade 2000" (Mosteiro dos Jerónimos) e "100 anos - 100 artistas" (SNBA, Lisboa).
Em Portugal, o seu espólio encontra-se espalhado pela Secretaria de Estado da Cultura, Museu Amadeo Souza-Cardoso, Biblioteca-Museu de Vila Franca de Xira, Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, Museu do Chiado, em Lisboa, Património Artístico de Matosinhos, entre outros.